Telemedicina vai muito além das consultas remotas; permite integração em tempo real de profissionais com diferentes expertises para soluções de situações complexas
SÃO PAULO , 23 de agosto de 2023 /PRNewswire/ -- Conectar leitos de UTI de diferentes regiões do Brasil por meio de uma plataforma digital. Este é o objetivo do TeleUTI Conectada, projeto que usa a tecnologia INTEGRARE, desenvolvida pela Lifemed, para coletar e analisar dados em tempo real de equipamentos médicos, exames laboratoriais e imagens dos pacientes internados em estado crítico.
O objetivo é promover uma discussão colaborativa de casos complexos entre especialistas de diferentes instituições, oferecer apoio remoto e capacitação continuada às equipes das UTIs e padronizar as condutas assistenciais. Com isso, estima-se reduzir as mortalidades/morbidades, o tempo de internação e os custos dos tratamentos. A meta é alcançar 100 leitos conectados nacionalmente até 2023. O professor Dr. Carlos de Carvalho , diretor da divisão de pneumologia do Incor e da saúde digital do HCFMUSP, coordena o projeto, em parceria com o Ministério da Saúde.
Essa discussão é feita em tempo real e de forma agnóstica, e os profissionais da saúde (médicos, enfermeiros e fisioterapeutas) conseguem, com ela, consultar todos os dados disponíveis em monitores multiparaméticos (MM), ventiladores mecânicos (VM), bombas de infusão (BIC), exames laboratoriais e imagens médicas. A equipe multidisciplinar de especialistas pode, então, empreender seus esforços em usar todo o know-how individual de cada um para chegar às melhores conclusões, em conjunto. E o mais relevante: tudo embasado em dados obtidos em tempo real.
Franco Pallamolla , Presidente da Lifemed, explica que isso levou a uma guinada no direcionamento da companhia: "Já havia estudos e trabalhos em andamento para se criar soluções de como reunir um time especialistas em tempo real para casos que exigem agilidade e diversos know-hows em diferentes áreas. A pandemia acelerou este processo tornando, naquele momento, mais urgente a implementação de soluções", aponta. "Mas seguimos desenvolvendo não só a tecnologia, mas também como fazer o melhor uso dela uma vez estabelecida. Hoje, conseguimos com este projeto dar mais um salto tanto na entrega dos profissionais de saúde quanto dos desenvolvedores de soluções, como a Lifemed, e todos os envolvidos em toda a cadeia para ter mais sucesso em casos críticos. Todos saem ganhando", completa.
O Hospital das Clínicas de São Paulo (HCFMUSP) e mais 10 UTIs distribuídas pelo Brasil estarão envolvidos no projeto. Até agora, quatro hospitais já foram selecionados e começarão em setembro: Hospital Regional do Norte em Sobral/Ceará, Hospital Dr. Pedro Garcia Moreno em Itabaiana/Sergipe, Hospital Municipal de Imperatriz em Imperatriz/Maranhão e Hospital Universitário do Norte em Londrina/Paraná. Os seis restantes estão em processo de seleção.
O início da TeleUTI no Brasil
O serviço de TeleUTI teve início no Brasil com a UTI Respiratória do InCor - referência para o tratamento de casos respiratórios graves e ventilação mecânica no serviço público do Estado de São Paulo, que desenvolveu durante a pandemia de Covid-19 um protocolo de assistência e capacitação para as UTIs públicas paulistas. A TeleUTI Respiratória foi a primeira a treinar e assessorar UTIs de forma remota, tornando-se referência em condutas e protocolos de tratamento a pacientes acometidos pela forma grave da doença. O programa, liderado também pelo Prof. Dr. Carlos de Carvalho , realizou mais de treze mil teleatendimentos e treinou mais de 16 mil profissionais de saúde para o tratamento da Covid-19.
A capacitação e treinamento do manejo do paciente com diagnóstico confirmado ou com suspeita de covid-19 foi baseado em um protocolo validado pelas universidades USP, Unicamp, UNESP e Unifesp e pela Secretaria Estadual de Saúde e incluiu fisioterapeutas, médicos e enfermeiros, por meio de plataformas de educação.
Além dos cursos de capacitação e treinamento de equipes médicas, o InCor coordenou o programa de teleconsultoria em UTI no Estado de São Paulo, no qual participaram mais de 37 UTIs de hospitais da rede estadual pública, entre maio de 2020 e novembro de 2021.
Nesse contexto, o programa apontou que a mortalidade nas UTIs foi reduzida em mais de 20% dos pacientes graves com Covid-19 e houve redução do tempo de permanência em UTI, aumentando em 30% a disponibilidade de leitos assistidos.
Sobre a INTEGRARE
A INTEGRARE é uma ferramenta disruptiva de suporte à decisão médica desenvolvida para UTIs e aprovada pelo IdeiaGov (hub de inovação aberta do Governo do Estado de São Paulo) como solução para monitorar sinais vitais e operar aparelhos eletromédicos usados em leitos hospitalares em um modelo remoto, inteligente e integrado.
A partir de um sistema integrado e agnóstico que coleta dados e parâmetros dos pacientes (como oxigenação, frequência cardíaca e respiratória, funcionamento de bomba de infusão, ventilador mecânico, tomografia de impedância elétrica), as informações são analisadas em tempo real e de forma remota. A prescrição e dispensação de medicamentos leito a leito também estão integradas ao sistema digital da UTI, garantindo mais agilidade, segurança e redução de desperdícios.
A digitalização da UTI e o monitoramento integrado de leitos têm como objetivo tornar a internação de pacientes ainda mais segura e eficiente, já que os profissionais da linha de frente ficam responsáveis pela validação dos dados e parâmetros durante as visitas, de forma rápida e segura. A plataforma também permite que a equipe se prepare cada vez mais para respostas rápidas em caso de novas epidemias ou pandemias, além de permitir a conexão com outras UTIs e hospitais universitários, para a criação de polos de atendimento e troca de informações.
A INTEGRARE proporciona muitas vantagens técnicas e de usabilidade, dentre elas a redução de até 30% tanto do tempo gasto pela equipe de enfermagem quanto à redução de erros de coleta, inserção de dados e cálculos nos sistemas/prontuários, a rapidez e disponibilidade em tempo real de informações que apoiam a equipe multidisciplinar na tomada de decisão (fato que pode ser crucial para o desfecho clínico do paciente).
A tecnologia interliga os equipamentos ao PEP (Prontuário Eletrônico do Paciente) proporcionando o acesso às informações do laboratório, farmácia, centro de imagens, etc. Transmite todas as informações via wi-fi para a nuvem, permitindo ao especialista acessá-la em tempo real, visualizá-la em seu smartphone, notebook ou tablet e realizar vídeo chamadas (sem sair da tela de visualização dos sinais vitais) com os plantonistas para análise do paciente em estado crítico. A transmissão é realizada por meio de comunicação criptografada de ponta a ponta, proporcionando assim total segurança dos dados e em conformidade total à Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).
FONTE TeleUTI