Luca Benites fala sobre transformação, conexão e liberdade criativa e a relação com as artes, humanidade e própria vida
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Luca Benites fala sobre transformação, conexão e liberdade criativa e a relação com as artes, humanidade e própria vida

SÃO PAULO , 7 de agosto de 2022 /PRNewswire/ -- "A mente humana esconde diversos mistérios, lugares inóspitos, utopias e também muitas surpresas. Trabalhar com ideias é praticamente trabalhar com o vazio e de certa maneira educar a mente poderia se assimilar a esculpir uma obra de arte, dar forma a algo que estava ali, mas que ainda não havia sofrido transformações externas. O vazio na mente humana é uma riqueza inquantificável, apenas nos resta aprender sobre como trabalhar com esse potencial". A constatação é do médico psiquiatra André Busato sobre o artista contemporâneo Luca Benites e a respeito da relação dele com a arte e os sentimentos e a busca do autoconhecimento como forma de expressar momentos de transformação, conexão e liberdade criativa.

Luca Benites conta que em 2015 iniciou um processo de autoconhecimento profundo com muitos questionamentos internos e existenciais. Passou a anotar dados sobre projetos, seus medos, fragilidades e também algumas ideias malucas, chegando pensar em um lugar confortável para poder (re) começar a sua carreira após quase 18 anos de trabalho como artista. "O fogo surgiu como o caminho para recuperar a minha liberdade criativa e queimei todo o meu patrimônio artístico. Um momento muito criticado", lembra.

Segundo o artista, o fogo foi escolhido como meio de transformação porque ele queria sentir um verdadeiro recomeço. "Transformei o formato de papel, das pinturas, fotografias, desenhos e pequenas esculturas em cinzas. E acabei transformando minha essência e minha consciência como ser humano. São nossas experiências que, em definitivo, formam parte da nossa evolução", observa. Salienta que foi a experiência mais profunda e espetacular que viveu. "Esse projeto FOGO fala muito sobre a depuração e aprendi a sentir a plenitude da vida a partir de conhecer o vazio físico e mental, é muito necessária essa depuração na nossa visão e percepção de vida neste momento da humanidade. Ficar sem as obras físicas e ter a mente vazia durante pelo menos 18 meses me fez pensar e repensar muito o rumo do meu trabalho e da minha vida".

O Projeto foi um divisor de águas na carreira de Luca Benites . Ele mesmo dividiu sua carreira em três fases: Pré Fogo, FOGO, e Pós Fogo. E segmentou a linha da vida em duas etapas: os seus 35 anos antes da queima e estes outros 5 anos após a queima. "Muita coisa mudou na minha vida, talvez possa arriscar e dizer que eu tenha renascido de certa maneira. Superei muitos medos, tive a coragem, determinação e convicção em perseguir meus sonhos e utopias e não me perder escutando dezenas de pessoas que me aconselharam a não seguir adiante", pontua. Foi nesta época que ao artista concluiu o livro "Manifesto ao vazio". O cenário não poderia ser outro: o Deserto do Atacama ( Chile ).

Ao construir e a se deparar com o vazio, Luca Benites começou um processo criativo e de produção de obras onde o tempo pode ser medido ou visto de forma real através de ritmos ou formas físicas. "Este novo paradigma em minha concepção do espaço-tempo mudou a forma de imaginar o meu trabalho e de conceber as esculturas, algumas delas muito relacionadas a esta questão do tempo. Um exemplo disso é a obra Silêncio, onde ela é inserida na paisagem, se mimetiza na natureza através das placas de espelho e convida o espectador a se auto observar naquele meio natural", conta. 

O artista acentua que durante muitos anos sua preocupação não estava voltada a fazer coisas ou objetos belos. "Acredito que isso surge de muitos anos de educação visual, viagens, centenas de visitas a diversos museus, galerias, muitos livros etc. O olhar junto à mente sempre deve buscar equilíbrio, harmonia, contexto e conteúdo. Busquei sempre um trinômio na arte: formalização (materialização), título e conceito. Isso, dentro de uma linha de pensamento e coerência conceitual ao longo do tempo, resulta em obras mais completas".

Depois de quase 24 anos desde o começo da sua carreira como artista, Luca Benites partiu do binômio arte-conexão para criar o projeto NEXUS, seu mais recente trabalho. "O conceito básico do projeto era construir uma instalação na qual as peças seriam interdependentes entre si e ao mesmo tempo pudessem contar uma história pessoal ou homenagear grandes referências na arte, arquitetura ou na minha vida. Foi então que criei uma instalação com 99 peças onde eu seria a peça número 100 e com todos esses conjuntos eu conseguiria agradecer, fazer uma homenagem e construir um laço de união entre diversas pessoas, culturas, religiões etc. Além de tudo, poder formar um grupo de pessoas e poder mapear de certa maneira onde acabaria cada peça desse grande quebra cabeça", descreve.

O artista afirma que não descarta a possibilidade de reunificar as obras do projeto NEXUS em algum momento. "É muito difícil prever um projeto desse calibre tão ambicioso no futuro próximo, mas penso em reunir todos os elementos até mesmo porque a essência deste projeto é a união". Disse que o projeto foi feito para ser desmembrado ainda que tudo na vida acabe voltando de uma maneira ou de outra aos mesmos lugares. " Tudo de certa maneira sempre está conectado", conclui.

André Busato, ao analisar o processo de autoconhecimento e a transformação do trabalho e da vida de Luca Benites a partir do Projeto FOGO, disse que "é possível entender e sentir o vazio de muitas maneiras, mas o que chama a atenção na história dele é a oportunidade de rescrever a sua trajetória. O elemento fogo está associado à ambição, que reflete o seu desejo de mudança. Quem sabe o vazio e o fogo permitiram uma tela em branco, para que o artista se expresse através das cinzas e assim pulverizar a sua obra pelo mundo e as pessoas", sublinha.

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FONTE Luca Benites

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